sexta-feira, maio 30, 2008

uma vez me disseram que, quando uma pessoa morre - situação de separação mais extrema -, quem ama essa pessoa precisa recolher todo o sentimento ali depositado. recolher mesmo, literalmente. porque você sabe que a partir daquele momento não tem mais. não tem mais abraço, não tem mais carinho, não tem mais experimentações culinárias, não tem mais planos, não tem mais brigas. não tem mais. nesse caso, nunca mais. então, quando alguém morre, a tendência é que os que ficam se lembrem de todos os bons momentos, as alegrias que a pessoa proporcionou, as risadas e até as chatices, mas de uma forma doce. mas, pra seguir com a vida, é preciso abstrair e 'arquivar' essas lembranças. tem gente que demora semanas, outros anos para sair disso. há quem nunca se recupere totalmente.

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assim. eu não quero recolher sentimentos. eu gosto deles e demorou muito tempo pra eu ter coragem de colocar tudo pra fora e viver. tenho medo de recolher e nunca mais querer colocar pra fora de novo. aliás, nem sei se eu devo recolher esses sentimentos porque eu me esqueci de perguntar. é triste não saber o que [se é que há].

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quando alguém descobre que está morrendo, existe a teoria das 'cinco fases da morte'. segundo um cara chamado kubler ross [sério, eu queria muito muito muito saber colocar trema nas letras, mas não sei] uma pessoa em fase terminal pode passar por cinco fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. porcamente falando, a negação é quando você fica sabendo de uma coisa tão absurda [tipo que vai morrer e bem rápido] que você não consegue processar tal informação e acaba negando pra se proteger e não enlouquecer. a raiva é quando cai a ficha, 'opa, vou morrer', e a pessoa se revolta. ela pode virar uma chata de galocha, mas isso é só uma necessidade de chamar a atenção dos outros ao seu redor e garantir que não será esquecida. já a negociação acontece quando a pessoa busca formas de adiar ou mesmo mudar seu futuro, que é a morte. alguns rezam, outros procuram tratamentos alternativos. a fase da depressão é meio parecida com a fase da raiva, só que dessa vez a ficha cai de forma mais racional. a pessoa fica mais introspectiva - não necessariamente triste. e, finalmente, vem a aceitação. é quando a pessoa está consciente de que vai morrer mas já convive com a idéia de forma mais tranquila e consegue até aproveitar o tempo que lhe resta de forma produtiva.

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fico fascinada com o que o nosso cérebro faz para nos proteger das coisas ruins da vida e não nos deixar perder a razão. a morte é algo extremo, mas talvez por isso seja um bom jeito de explicar as coisas.

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eu queria tanto saber.

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