terça-feira, setembro 30, 2008

roubaram a minha idéia

passado o choque inicial, devo dizer de forma clara que sou totalmente contra o acordo ortográfico assinado ontem pelo presidente lula. parece até piada de mau gosto, o luís inácio assinando um acordo ortográfico. mas foi sério e está feito. a partir do ano que vem documentos oficiais já passarão a aplicar as novas regras, em seguida virão os livros didáticos, depois os vestibulares e, a partir de 2012, concursos públicos e todo o resto cobrarão a utilização da nova grafia.

penso que isso é ridículo. essas regras tortas e impostas não irão pegar, ao menos por aqui. algumas delas podem até ser aceitas, como a não utilização do trema - que muita gente já não usa - e a incorporação das letras k, w e y ao alfabeto oficial [só eu não sabia que isso ainda não havia sido feito?].

agora, tirar acento das palavras... como é que eu vou fazer pra ter uma ideia genial? idéias geniais têm acento. e eu adoro a palavra idéia dessa forma, esse som aberto, toda essa sensação aguda que ela traz graças a esse singelo sinalzinho sobre o 'e'.

como bem disse carlos heitor cony na reportagem que linkei no post anterior, essa é uma ação "improdutível, quem faz a língua é o povo". e ainda me assinaram o decreto no dia do centenário de morte de machado de assis, que deve ter dado umas boas reviravoltas no túmulo.

o que me incomoda não é a mudança da língua, vejam bem: tanto que no projeto machado de assis fizemos inúmeras atualizações de grafia, como de cousa para coisa, caracter para caráter. o que me aflige é a questão da imposição. a língua é um elemento vivo, que é construído paulatinamente e ao longo de sua experimentação. a integração do brasil aos outros países que fazem uso da língua portuguesa tem uma relevância indiscutível, mas será que é esse o caminho a ser tomado? qual é afinal o sentido de tirarem o acento de idéia?

felipe held sugeriu fazermos um piquete contra a reforma. para mim, a melhor forma de piquete será continuar a escrever normalmente, acentuando o que deve ser acentuado, usando o hífen, deixando a coisa toda fluir como sempre foi e deveria continuar sendo.

e é isso.

HUMPF.

Um comentário:

Felipe Held disse...

Tá o maior terror lá na redação sobre isso daí. Todo mundo com medo de adotar a nova ortografia, e tal.

Eu fecho o piquete. Até porque, putz, idéias geniais exigem um acento.