MUITA QUILOMETRAGEM
Tempo de Olimpíadas. Roberto se interessava bastante.
--Pelas mulheres. O resto que se dane.
Jogadoras de vôlei. Nadadoras. Judocas.
--Em qualquer esporte, sempre tem uma que vale a pena.
Um vento fraco nos altos da Paulista acompanhava o cair da noite.
--Hora do nosso plantão olímpico...
A televisão mostrava um retrospecto do maior evento esportivo mundial.
--Maratona feminina. Vamos nessa.
As atletas eram excessivamente magras e angulosas.
--Hum... mas tem uma loirinha ali... vale a pena acompanhar.
A loirinha deu vontade de cerveja gelada. Roberto seguia a íntegra da corrida.
--Será que é alemã? Não. Sueca.
O sono de Roberto. O cansaço da sueca. Muita quilometragem.
O corpo e o rosto da maratonista começaram a sofrer sutil transformação.
Algumas rugas. Depois, pelancas. Uma mulher maquiada e de peruca terminou a última volta. Salto alto. Andar rebolado. Jóias no pescoço completavam a visão.
--Desliga essa joça, Roberto. Que eu sou a Dercy Gonçalves.
O rapaz acordou assustado. E promete torcer só pelo vôlei feminino.
Nossos sonhos são como maratonas. É preciso saber desistir na hora certa.
http://marcelocoelho.folha.blog.uol.com.br
grifo meu
3 comentários:
muito bom o post. Gostei do teu blog. Parabens.
Vai virar mania.
Maurizio
hora certa... isso é muito difícil.
Nossa, lendo o texto do Marcelo Coelho me deu vontade de pegar uma cerveja na geladeira. A primeira desde que as Olimpíadas começaram, uh!
Mas lembrei dessa cena (não que eu tenha visto ao vivo, aconteceu quatro anos antes de eu nascer): http://www.youtube.com/watch?v=Zs4lbNPiat0
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