sexta-feira, janeiro 06, 2012

amanhã o de minuto faz 5 anos e qualquer dia desses faz mais ou menos uns 10 que escrevo blogs. a única vez que usei a ferramenta como diário virtual efetivamente foi num projeto chamado '365 dias', no qual escrevi literalmente durante 365 dias seguidos, falando sobre minha vida de vestibulanda. eu estava no colégio, era 2003 e eu tinha 17 anos.

em todos os outros blogs, tirando posts bastante pontuais, eu queria escrever apenas coisas bonitas e não meu dia a dia. mesmo sendo tudo bastante pessoal, eram textos que não citavam qualquer situação claramente - aquela tentativa pífia de soar poeticamente dolorido.

o de minuto está abandonado porque perdi o gosto mesmo. isso porque, percebi há alguns minutos e vim aqui justamente por conta dessa epifania, eu me podei demais. tinha medo de escrever algo relacionado a um grande amor e depois ter que apagar por conta de alguma merda, de xingar e dar problema porque as pessoas sempre vinham perguntar 'mas do que você tava falando?' [incrível como qualquer coisa pode soar como indireta]. a preguiça de explicar foi crescendo e aí meio que larguei de mão.

mas agora, nesse ano que começa e nesse quase aniversário do de minuto e, mais precisamente, nesse momento dessa sexta-feira, tive vontade de fazer um post totalmente pessoal. provavelmente gigantesco. que provavelmente vai me fazer chorar um pouco. provavelmente chato pra caralho. veremos.

sempre tive problemas com a minha imagem. variava entre 'poxa, o que tem de errado comigo?' com 'nunca vou ser a menina bonita porque basicamente não me pareço com a menina bonita' e com 'geral tem que gostar de mim é assim mesmo'.

quando me mudei para belo horizonte pra fazer a faculdade e tals essa parte de que eu não era ~gatinha~~ ficou bem óbvia. foi no auge da minha gordice. nessa época eu atingi meu maior peso até hoje - 70kg - mas não me dava conta disso. quero dizer, eu sabia que era gorda, mas a ficha só caía quando eu me via em fotos, sabe como? era muito estranho.

aí não me lembro como resolvi começar a caminhar/ correr, emagreci uns 8kg de boa e conheci o menino que viria a ser meu primeiro namorado. esse cara foi babaca em alguns aspectos, mas em um ele NUNCA falhou: ele me achava linda. exatamente como eu era. emagreci mais, cortei o cabelo curtinho, mas pra ele não importava. e era com uma sinceridade gritante que ele me admirava. isso nunca tinha acontecido antes e foi incrível pra minha auto-estima.

quando me mudei pra florianópolis a coisa já estava desandando, acabamos terminando, blá blá, aquela coisa. mas o fato é que fui pra floripa confiante, com um peso legal, até, e me achando bastante interessante.

fiquei mega mal com o fim do namoro, mas aí conheci um cara nas internets da vida - não foi nada doentio, o conheci 'oficialmente' por conta da página da banda dele, já tínhamos amigos em comum em floripa, aquela coisa. saímos pra tomar café um dia e acabou que a gente teve um casinho. e foi ótimo também. ele também me curtia bastante, a gente foi casal em ocasiões específicas e era tudo muito leve. mas foi um casinho, aquela entre-safra entre namoros. acho que ele estava numa fase assim também.

e depois disso conheci o segundo namorado. e aí fodeu. porque ele era legal, um cara ótimo, que apareceu via meus melhores amigos em florianópolis. mas ele nunca me achou tão incrível assim. e aí tudo o que eu construí durante anos no que diz respeito à auto-estima caiu por terra. sim, de um dia pro outro. sim, fui uma fraca idiota. tivemos uma primeira fase de namoro que foi terrível. acho que meu cérebro bloqueou porque não me lembro exatamente de fatos, mas a angústia que sinto quando penso a respeito é bastante indicativa. era muito abusivo psicologicamente no que diz respeito à minha imagem. ele provavelmente nem sabe disso e não se dava conta, mas nossa, foi foda. num segundo momento do namoro as coisas melhoraram, óbvio, mas essa sombra sempre existiu. isso tudo porque eu não era magrela [não magra, né, MAGRELA]. isso foi verbalizado, ele gostava de magras.

mas tudo piora, né, porque é a vida e se fosse fácil etc etc. rolou uma traição mega elaborada por parte dele no auge da legalzice do namoro que quebrou as minhas pernas e que continua quebrando até agora. porque é um retrato da relação e foi a semente de todos os problemas pelos quais passei até hoje. não é por conta dele ou da menina especificamente, mas o fato em si, entendem? o que isso representa na minha vida.

depois ele ainda descobriu que me amava exatamente do jeito que eu sou pra redescobrir que não era nada disso - e eu deixando isso acontecer. meu deus, me desculpo a todas as mulheres por envergonhar tanto a classe, sinceramente.

mas veio o terceiro namorado, né, tem que vir. incrível, lindo, doce. ex-modelo. com ex-casos modeletes. eita nóis, vó. nada como ser uma gorda complexada até o osso [trocadilho involuntário] pra lidar com isso, né? mas fui lá ver qualé. e deu bastante certo, mesmo comigo sabotando a relação o-tem-po-to-do. isso porque, ora, eu simplesmente achava que não era boa o suficiente. nem pra ele nem pra ninguém. foi isso o que eu aprendi e me ensinei durante boa parte da vida e o golpe recente do segundo namorado sem noção não ajudava.

mas o terceiro teve paciência, AINDA BEM, GATO, OBRIGADA, e ainda tem. porque traumas são fodas, fios, traumas são úlceras mal cicatrizadas e nós - e os outros - estamos sempre jogando coca cola nelas.

mas tem mais. e eu vou falar tudo porque eu PRECISO falar pra alguém e eu já tentei, juro, mas não consigo verbalizar e essa retenção toda está estragando a minha vida, inclusive com o terceiro namorado que não é mais namorado oficial, porém, tamos aí na luta e há amor.

o segundo namorado fonte do trauma, depois do término definitivo, no maior twist possível na vida real, passou a ficar com gordas. e não apenas gordas, mas gente que jamais vai ser magra porque é gente grande, sabe como? em princípio [tipo durante 5 minutos] pensei 'caralho, o problema sou eu, não é gordura, sou eu, eu sou feia, eu não sou desejável, a gordura era apenas desculpa'. mas né. pqp pra mim, não é nada disso. não posso e não vou cair nessa porque não é possível eu ser tão idiota e me subestimar tanto e superestimar tanto outra pessoa. obviamente não era eu o problema nesse rolo todo.

é muito humilhante pra mim compartilhar isso, mas também me traz alívio. aprendi a viver sob parâmetros esquizofrênicos sendo que eu tenho parâmetros, há tempos já, tão doces e reais - e também os meus próprios. era uma doença essas comparações às quais me submetia. era uma loucura toda minha.

e foi preciso passar por toda essa merda pra eu perceber que várias coisas relacionadas ao meu comportamento e personalidade são apenas escudinhos sociais que criei. e não gosto desse ~cerumano~~ barulhento e sarcástico que me tornei. e mesmo agora que estou mais pra magra que pra gorda isso ainda não melhorou. por que será, né? nem preciso dizer. o buraco era muito mais embaixo, obviamente, mas tô com preguiça de dissertar sobre nesse momento.

chega agora. e nem chorei.

feliz ano novo e feliz aniversário de bróg.

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