quarta-feira, março 02, 2011

é engraçado esse caso da sandy e devassa, e ele certamente vai virar case nos cursos de comunicação social pelo país.

eu achei que a sacada da empresa foi incrível; estão lançando a devassa loiríssima, que é uma cerveja mais leve ainda que a loira já existente, e que agora vem em lata. o público-alvo desse novo nicho é, provavelmente, meninas que não gostam muito de cerveja, acham forte ou coisa assim. no entanto, pode ser que elas venham a gostar de um produto como este, diferenciado. ou seja, sandy é a garota propaganda ideal, pois ela não tem o perfil de mulher que consome as cervejas que já estão no mercado [eu sou o perfil de mulher que consome as cervejas que já estão no mercado].

no entanto, a marca se perdeu ao não pesquisar ou 'cobrir os buracos' já existentes antes mesmo do seu plano começar a rodar. o fato de sandy, por exemplo, ter dito em entrevistas que não consome cerveja alguma e que prefere drinks doces. é fato que uma cerveja nunca será doce, por mais leve que seja, por mais que coloquem chocolate nela [a devassa loiríssima não tem chocolate, mas existem cervejas assim. acho ruins].

e tem também a idéia de ter um lado devassa da cantora, que ficou sem lugar. como resolver? simples. isso poderia ter sido facilmente corrigido na escolha de um figurino mais leve para sandy na ocasião de lançamento da campanha. sandy é magrinha, petit, e já usou várias vezes roupas bem menos senhoris que a saia e camiseta que escolheu pra coletiva. e, em todas as vezes, sem ser vulgar. ou seja, um detalhe apenas que faria toda a diferença.

o comercial da TV também foi equivocado, criando mais piadas do que reações de 'uau', além de explorar, MAIS UMA VEZ, essa coisa burlesca que absolutamente todo mundo já fez. a idéia de tentar mostrar um lado diferente de sandy caiu por terra quando ela foi colocada num palco, pra começar. distante, montada. acharam que ser devassa é ser uma semi-stripper, um erro de principiante, eu diria. imaginem se fosse a sandy num bar, roupa fresquinha, sendo a sandy, e pedindo uma cerveja. eu poderia até colocar aqui uma idéia de roteiro que tive, mas não tô ganhando pra isso, então esqueçam.

basicamente, a campanha tem uma idéia muito boa, mas a execução teve seus pecados, o que é imperdoável pra uma marca como a devassa, que eu respeito.

.
.
.

tópico semi-relacionado - falemos do mundo da vida.

o bicho pegou no twitter com a campanha da devassa e eu dei lá meus pitacos. meu foco foi, basicamente, o que coloquei aqui, agora [gil gomes, oi], só que de forma obviamente resumida. era a paula relações públicas olhando pra uma parte bastante relevante de um plano de comunicação.

mas aí veio uma reação que tem pipocado o tempo todo em várias áreas e que tem me dado nos nervos: 'PAULA, VOCÊ TÁ COM INVEJINHAAAAA'.

gente, sério. eu queria muito saber desde quando criticar algo ou alguém pressupõe que há inveja por parte de quem fez a crítica. porque parece que só existe crítica a alguém bem-sucedido quando há maldade envolvida.

vou dar outro exemplo. oscar, natalie portman. eu nunca gostei da portman como atriz e nunca a achei espetacularmente linda. só que dizer isso nos últimos tempos parece um pecado e, se não devoto portman é porque tenho, necessariamente, inveja de portman.

aí eu me pergunto: por que raios isso está acontecendo no mundo? será que é pra todo mundo se sentir liberado pra ter inveja? e quando eu não tenho inveja, eu só tenho uma opinião contrária? finjo ter inveja pra poder me incluir no grupo? estão ORKUTIZANDO O UNIVERSO e eu sou velha demais pra mais uma mudança de lay-out.

3 comentários:

Anônimo disse...

acho que é a falta de olhar os vários lados de qualquer questão (nem jornalista fas mais isso), e a habituação que as pessoas têm com pseudocríticas que são só insultos irados, sem fundamentação nem raciocínio - então passam a achar que toda crítica mais ácida, engraçadinha, ou só polêmica se trata disso.

Anônimo disse...

Vc Gosta de meter o pau em propaganda, dá uma olhada num anúncio que saiu na contra capa de uma revista voltada para o público empresarial. Acho que é de uma mercede i180, algo assim. O carrinho deve dustar uns 120000, sai da loja na mão do dono e já perde no mínimo uns 15 a 20% do valor, de 18 a 24 mil reais, e o que mais chama atenção do anúncio é o valor da primeira revisão só uns 650 reais.

Dalton disse...

A geração que bebe cerveja de canudinho tem uma nova representante...