sábado, novembro 18, 2006

talvez
(ê) [De tal + vez. Antes de ter a acepção dubitativa, significou ‘alguma vez’; vejam-se, adiante, exemplos.]

Advérbio

1.Indica possibilidade ou dúvida; acaso, porventura, quiçá:
Talvez chova hoje;
Talvez um dia meu amor se extinga” (Machado de Assis, Poesias Completas, p. 44);
“O oficial era moço, talvez não tinha trinta anos” (Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, p. 185);
“Olhos cerrados, boca entrecerrada, / Parecia dormir. Talvez dormia.” (Alberto de Oliveira, Poesias, 2a série, p. 318).

[Note-se: nos dois primeiros exemplos o talvez, anteposto ao verbo, leva-o, como de praxe, ao modo subjuntivo (chova, extinga), enquanto nos dois últimos o verbo vai para o modo indicativo (tinha, dormia), fato que se observa bem menos freqüentemente, mas não demasiado raro, quando o talvez sugere uma dúvida fraca, vizinha da certeza. Nas acepç. seguintes (q. v.) só se pode usar o indicativo.]

2.P. us. Às vezes; por vezes:
Talvez o lenhador quando acomete / O tronco d’alto cedro corpulento, / Vem-lhe tingido o fio da segure / De puro mel, que abelhas fabricaram” (Gonçalves Dias, Obras Poéticas, II, pp. 248-249).

3.Numa ou noutra ocasião; alguma vez:
“A nave, que não toca / No porto a salvamento, / Talvez os rotos mastros / Atira à beira-mar.” (Id., ib., II, p. 147);
Talvez a rica of’renda aplaca os Deuses, / E saudável conselho a noite inspira!” (Id., ib., II, p. 299).

Talvez... talvez. 1.P. us. Ora... ora; umas vezes... outras vezes:
“Sussurro profundo! Marulho gigante! / Talvez um — silêncio!... talvez uma - orquestra...” (Castro Alves, Obra Completa, p. 357.)

Fonte: Dicionário Aurélio (CD Rom)

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não vai ficar para a próxima porque não haverá próxima, ela diz para si mesma. decidiu não mais debater-se como um enforcado preso pelos pés, cego diante da situação na qual se encontra. estou cega, ela diz, como se o branco houvesse tomado conta e todos os sinais-guia desaparecido. antes do não era tudo imensidão, gama infinita de talvez. eu não farei mais isso, ela diz, basta, há caminhos infinitamente mais doces e não há razão para não tomá-los - ao menos não razões efetivamente racionais. é o talvez que me enfara, ela diz, os nãos ditos de forma tão azul que sempre deixam brecha para uma próxima vez (para um próximo gesto).
mas ela sente que, burramente, espera que a música toque ainda hoje, numa situação de excessão.

3 comentários:

Unknown disse...

é a dúvida do abrir-se para o novo.


assim que a gente percebe que a corda que nos sufoca ainda permite que nossas mãos sejam livres, apenas um gesto nos liberta, apenas um pequeno esforço. mas é tão cômodo, está tão cômodo, que qualquer movimento, qualquer gasto de energia torna-se tão dispendioso na nossa cabeça que preferimos nos ater a um talvez.

um sim ou um não podem ser apenas provisórios sob a marquise de um talvez.

Anônimo disse...

Posso ilustrar com um poema? Aí vai. Chama-se "Sim ou Não":

O sim tem três letras
O não também
Talvez tem seis
Porque é a soma
do que os outros dois têm
A diferença entre eles é o til
Que o sim não tem
E o não tem sim

A gente só diz simou não
e se, às vezes, diz talvez
quer dizer um desses dois
ou sim ou não

Pelo sim e pelo não
não diga só talvez
diga não
Não não é talvez
diga sim
sim não é talvez
ou não

Anônimo disse...

Ah... a autoria! Da forma q postei fica como se fosse meu. Claro q não é. Os autores são Téo Ruiz, Estrela Ruiz, Leminski e Alice Ruiz