domingo, fevereiro 08, 2009

TUDO O QUE QUERO PARA SEMPRE HOJE

como são estranhas as noites que não dormes comigo, noites brancas, como aquelas russas noites narradas pelo Homem Doente dos subterrâneos gelados de Bem Longe, como o sol se põe mais tarde tão-somente para tingir de paixão roxa a minha miopia e o meu astigmatismo, aquele degradè borrado por melancólicos nanquins na chuva de san pablo derretendo sobre mis gafas-parabrisas, como são atípicas não pelo costume, mas pelo desproveito do calendário, a folhinha do quando, que não marca dia santo nem feriado para o desejo, como são estranhas as noites riscadas pelos relâmpagos do ciúme e como são lindas as madrugas e manhãs entorpecidas pelo amor-de-muito que ficou guardado nas dobrinhas, glândulas, suores dos corpos e das roupas vagabundamente atiradas sobre os tacos de todos os “últimos tangos”, como enfio as pernas entre os lençóis tentando achar o que quero para sempre hoje.

xico sá

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