segunda-feira, janeiro 23, 2006

COMO PODE?
(Paulo Leminski)

Soa estranho, esta manhã,
tudo o que sempre foi meu, como pode?
Como pode que esse som lá fora,
os sons da vida, a voz de todo dia,
pareça ficção científica?

Como pode que esta palavra,
que já vi mil vezes e mil vezes disse,
não signifique mais nada,
a não ser que o dia, a noite, a madrugada,
a não ser que tudo não é nada disso?

Pode que eu já não seja mais o mesmo.
Pode a luz, pode ser, pode céu e pode quanto.
Pode tudo o que puder poder.
Só não pode ser tanto.

*Devido a limitações do blog, não pude disponibilizar o poema no
formato que Leminski escrevia, aquele "ziguezague".

2 comentários:

Anônimo disse...

não tinha um post antes desse? Eu tinha até comentado nele... como pode?

Anônimo disse...

simplesmente perfeito